(continuação)
Olhando para ele...
- Ué, eu também quero saber por que eu terminei com ela, Bianca, não posso?
- Pode. Mas eu não ia contar pra ela.
- Ah não? Então “Ele terminou com você por que...” não é o inicio de uma frase que fala o porquê deu ter terminado com a Ster?
- É Stella. – Disse eu, como se a culpa de tudo fosse minha.
- Não to falando com você! – Disse ele todo grosso comigo.
- Matheus...
- Quer saber, ela ia me contar o porquê de você ter terminado comigo, sim, por quê? Algum problema? Eu acho que eu devia saber o verdadeiro por que de você ter terminado comigo, eu te perguntei, você não me respondeu, então se o covardão não pode me contar então a irmã dele vai me contar. – Disse eu com cara de corajosa.
- Stella, podemos conversar, a sós?
- Chato! Mas, ok.
E nós fomos para o quarto dele.
- Por que você não me perguntou isso?
- Por quê? Querido, eu te perguntei isso três vezes. Mas em nenhuma das três você quis me responder, então, agora eu vou ficar sabendo, de uma vez por todas. Pode ser por você, mas se você não me contar agora, vai ter que ser pela sua irmã. Você escolhe.
- (respiro fundo) Ta ok. Se você quer mesmo saber, eu terminei com você por que, por que... Por que eu vou ter que viajar.
- O que? Que mentira, viajar para aonde?
- Eu vou morar com os meus pais, lá em São Paulo.
- O que? Mas e a Bianca?
- Ela vai junto.
- Mas e se...
- Mas nada! Ela querendo ou não vai ter que ir junto comigo. Não é questão de escolha, é questão de ir e pronto!
- Equivoco total, meu querido! Ela já tem 14 anos, ela tem todo o direito de escolher se vai ou não!
- Ah é mesmo? E se ela não quiser ir? Hein? Com quem ela vai ficar? Vai morar aqui nessa casa sozinha? Nós não temos parentes que moram aqui. Não temos nada aqui, a única pessoa que ela tem é você!
- Então ela vai morar comigo.
- Ela não pode, os meus pais não vão deixar.
- Os seus pais? Os seus pais? Eles não ligam, eles não tão nem aí nem pra você e nem pra Bianca. Deixa de moleza!
- Olha só, os meus pais podem ser totalmente chatos, mas eles sempre ligaram pros filhos que eles têm, eles podem ser descuidados, fazerem várias besteiras, mas irresponsáveis é uma coisa que eles nunca foram e não são!
- Ok, então ta. Se for pra ser assim, vai ser assim, se ela não pode ter sua própria opinião, então ela não vai ter.
- Quem disse que ela não tem opinião? Você é que não quer saber da opinião dela, ta tomando as decisões dela, como você pode saber se ela quer ou se não quer ir? Você perguntou pra ela? Não, não perguntou. Então pronto. Antes de falar dos outros, Stella, pensa em si mesma, pense no que você faz ou está fazendo!
- E você? E seus pais? Perguntaram pra ela? Não, não perguntaram, então como sabem que ela vai, ela é filha deles e sua irmã, você é, neste momento, o maior responsável por ela. E o que ta fazendo? Nada. E a escola Matheus? Ela vai largar a escola assim, no começo do ano? E o futuro dela, como fica? Destruído? Esmagado? Com um ano perdido? Fica como se ela tivesse repetido o ano? Pensa Matheus, pensa, pensa nela, na vida dela, pensa em alguém sem ser você, pelo menos uma vez, não é tão difícil! Pelo menos tenta!
- Eu tento, eu penso, eu sei que ela não vai querer ir, mas... Tenta convencer os meus pais! Com eles só se eu pagasse uns cinco mil reais.
- (respira fundo) É, deve ser difícil ser você.
- E é.
- Só que também é difícil ser eu!
- Difícil mesmo é conseguir.
- Conseguir o que?
- Conseguir ficar aqui, falando frente a frente com você e não te beijar.
- Pra mim também ta sendo difícil!
- Então vamos deixar isso mais fácil.
Em seguida, ele me pegou e me beijou. E nós ficamos nos beijando lá no quarto dele, enquanto a Bianca chorava no quarto dela, pois ela havia escutado a conversa até a parte que eu digo pro Matheus tentar pensar nos outros.
Depois ele me soltou e eu também.
Ficamos olhando um para o outro com cara de felizes para sempre.
Foi quando ouvimos um choro vindo de longe...
- Ai meu Deus, é a Bianca! – Disse ele, preocupado.
- Ih, é mesmo, ela deve ter escutado uma parte da nossa conversa!
- É, vamos lá falar com ela! Corre!
- Não!
- Por que não?
- O que nós vamos falar com ela? Temos que tomar uma atitude que a deixe feliz quando ela perguntar sobre a viagem. E o que vamos dizer? Que vocês vão viajar na semana que vem?
- Pensamos nisso depois, bora!
Chegamos ao quarto dela, ela estava escrevendo no diário dela, chorando tanto que o diário estava encharcado.
- Miley, o que ouve? – Disse eu, me aproximando dela.
- Miley? – Perguntou Matheus, assustado.
- Esquece. Hein Miley? O que ouve?
- Eu ouvi vocês conversando. Não quero viajar para São Paulo, meus pais são uns chatos, e nem ligam nem pra mim e nem o Math!
- Eu não disse? – Disse eu pro Matheus.
- “Cacetada” – Pensou Matheus.
- To falando sério. Eu não vou, não quero nem saber. Vocês não podem me obrigar!
- Miley, ninguém quer te obrigar a fazer nada!
- Então ta, melhor ainda! Eu fico!
- Miley, de amiga pra amiga...
- Perai! Math pode nos deixar sozinhas um pouco?
- Ah não! Eu fico! Se quiserem ficar sozinhas, vão para outro lugar, daqui não saio.
- Preguiçoso! Tudo bem então, Stella?
- Ok!
- Pode falar amiga!
- Je ne veux pas que vous y aller, mais vous devriez écouter votre frère! Il a une intelligence rationnelle. Vous devriez aller. Tes parents peuvent être des blessés, mais ils vous aiment et manquez septembre!
-O que? Fala em… sei lá, espanhol!
- Ok. No quiero que te vayas, pero usted debe escuchar a su hermano! Él tiene una inteligencia racional. Tienes que ir. Sus padres pueden ser heridos, pero te amo y te pierdas en septiembre!
- Ah, por lo que ahora decide quedarse a su lado? Sinceramente, no estoy creyendo esto! Pensé que lo odiaba, pero ahora veo que el amor de nuevo, ¿no?
- ¿Qué? No tiene nada que ver con esto...
- Ni una Stella! Déjame salir de aquí! – Disse ela enquanto saia de seu quarto.
- O que foi que ela disse? – Perguntou Matheus.
- Ella dijo Te quiero y ahora estoy de tu lado, y ella no lo cree, y que me decepcionó bastante e... Luego me dijo que se callara, y ella quería que yo la deje en paz!
- O que?
- Desculpa! Ela disse que agora eu te amo e estou do seu lado, e que ela não acredita nisso, e que se decepcionou muito comigo e... Depois me mandou ficar quieta, e que ela queria que eu a deixasse em paz!
- Caramba, hein?
- (respira fundo) É né.
- Temos que falar com ela!
- Não podemos. O que vamos falar? Que ela realmente terá que viajar com você para São Paulo?
- Tem razão, mas... Então o que vamos fazer? Eu conheço minha irmã e sei que ela não vai ceder se não tiver uma noticia que a agrade muito.
- É verdade. Uma vez ela não queria fazer par com outra garota na escola, ela queria fazer comigo o trabalho, mas eu não podia, então, ela ficou de mau humor sem falar comigo por um mês, até que aconteceram, finalmente, duas coisas que a agradaram bastante.
- Caramba, quanto tempo. E... Que coisas foram essas?
- Bom uma delas foi um trabalho novo que surgiu e nós duas fizemos juntas e tiramos dez. E a outra foi (risos) hehe, o garoto que ela gostava pediu pra ficar com ela.
- E quem era esse garoto?
- Ah, ninguém.
- A ta, bom, acredito muito. Quem era? E quantos anos vocês tinham? De qual série eram?
- Caramba, hein? Era o Jake, tínhamos 11 anos e éramos da 6ª série.
- Ai meu Deus, minha irmã já tirou o BV e eu, o maior responsável por ela, não sabia disso!
- Math, para de graça, ta? Ela já até namorou em casa! Com ele, o Jake.
- Ah, me lembrei, o Jake miúdo? De cabelo parecido com o do Justin Biba?
- É, esse mesmo.
- Ah ta.
- Math, tenho que ir, o almoço lá em casa já deve estar pronto, tchau!
- Ah, mas já?
- É, né? Já.
- Ta ok. Vou ligar pros meus pais e vou falar com ele sobre a viajem.
- Ta, mas só me responde uma coisa?
- Depende do que sege.
- Não. Me responde ou não?
- Ta ok.
- Você quer ir para São Paulo?